Este estudo objetivou avaliar a percepção dos usuários, da equipe de saúde da família e dos discentes de fisioterapia quanto à atuação do fisioterapeuta na estratégia de saúde da família (ESF) em Assis/SP, por meio de uma proposta inovadora de estágio supervisionado. Trata-se de uma pesquisa descritiva e transversal, com abordagem quantitativa e qualitativa, aprovada pelo comitê de ética em pesquisa. Utilizou-se questionários e entrevistas semiestruturadas para as três amostras estudadas, sendo que os discentes e a equipe de saúde formaram grupos focais. Os dados qualitativos foram analisados por análise de conteúdo, modalidade temática. As categorias temáticas, por amostras, foram analisadas por juízes, realizando-se o índice de concordância, com índices maior que 85%. Os usuários participantes (n=06) eram do sexo feminino, idade média de 70,8±12,7 anos. Houve unanimidade de satisfação quanto aos serviços de fisioterapia domiciliar, aconselhamentos e resolutividade. Quanto as categorias temáticas iniciais, houveram treze classificações que geraram as categorias temáticas finais “(In) compreensão do papel e áreas de atuação do fisioterapeuta e sua contribuição para a integralidade do cuidado” e “Atenção à saúde dos usuários pela equipe e dificuldades de atendimento devido ao sistema” denotando a importância dos atendimentos fisioterapêuticos em domicílio, a melhora da situação saúde-doença por meio de educação em saúde e o vínculo paciente-fisioterapeuta. Da equipe de saúde, participaram do estudo a enfermeira, auxiliar de enfermagem e agentes comunitárias de saúde (n=06), todas mulheres e com idade média de 42±10,6 anos. As nove categorias temáticas iniciais embasaram as categorias finais: “Compreensão e reconhecimento da fisioterapia como proposta de trabalho em equipe na ESF” e “Possibilidades de atuação do fisioterapeuta para atendimento da atenção primária à saúde”, demostrando que a equipe de saúde compreende, parcialmente, as formas de atuação do fisioterapeuta e que o atendimento multidisciplinar possibilitou novos aprendizados e experiências. Os discentes de fisioterapia participantes foram doze (n=12), com idade média de 23,8±4,19 anos, sendo 83,33% (n=10) do sexo feminino. As dezesseis categorias temáticas iniciais resultaram em categorias finais denominadas: “Compreensão do conceito, áreas de atuação e reconhecimento da fisioterapia como proposta de trabalho na ESF”, “Vivência do estágio de saúde coletiva, por meio de visitas domiciliares, como um processo ou estratégia de aprendizados, experiências e percepções” e “A importância da equipe multidisciplinar na composição da equipe da ESF, bem como suas percepções, vínculos e assistência” evidenciando a prática de estágio na comunidade como uma etapa imprescindível de amadurecimento
profissional e pessoal, compreensão de educação em saúde com transformação de hábitos dos usuários e novos aprendizados. Concluímos que o conceito de fisioterapia na atenção primária à saúde é um processo em construção para as amostras, porém, houve conhecimento sobre sua atuação profissional, valorização do serviço prestado, troca de experiências gerando aprendizados e integralidade do cuidado, estabelecimento de vínculos afetivos paciente-discente, e melhora da qualidade de vida da comunidade atendida.
Palavras-Chave: Fisioterapia. Atenção primária à saúde. Educação em saúde. Integralidade em saúde. Estratégia de saúde da família. Promoção da saúde. Assistência domiciliar. Medicina de família e comunidade.